sábado, 26 de setembro de 2009

Imperialismo Cultural e o papel do Cristão






"A força do conjunto do sistema imperialista descansa na necessária desigualdade das partes que o formam, e esta desigualdade assume magnitudes cada vez mais dramáticas." (GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina, 1976, p. 19)

A imposição de uma “raça”, nação e cultura sobre outra distinta (imperialismo) são políticas antigas que vão tomando ao longo da história formas e discursos diferentes, mas sempre com a mesma finalidade, o domínio. Mas imperialismo cultural são uma das formas mais perversas do imperialismo, pois tentam destruir as raízes históricas de um povo para mudar sua forma de viver e pensar
Notaremos um exemplo conhecido ocorrido no Século XVI, mas que traz conseqüências até nossos dias. Quando Os espanhóis e os portugueses, primeiramente, invadiram os paises da “América” e começaram a formar colônias em nossas terras, utilizaram a mão de obra escrava, tanto africana quanto indígena, para construir uma “civilização”( Considerando que as cidades como Tenochtitlán não era uma civilização do ponto de vista europeu, mesmo sendo cidades complexas e bem estruturadas) e explorar riquezas para seu benefício próprio. Para conseguir a mão de obra escrava, os exploradores usaram discursos ideológicos para menosprezarem as populações de etimologias negra e nativa (indígena), colocando-se como seres superiores aos mesmos (mais tarde no inicio do século XX os movimentos nazista e fascista iriam retomar este discurso para justificar sua expansão). O principal mecanismo que contribuiu para esse discurso dominador foi a igreja Católica, afirmando que esses povos eram “degradados” e necessitavam do trabalho para a salvação de suas almas, “transfomava-se os índios em besta de carga, porque resistiam a um peso maior do que o que suportava o débil lombo da lhama, e de passagem comprovava-se que, na realidade, os índios eram bestas de carga.O vice rei do México considerava que não havia melhor remédio que o trabalho nas minas para curar a ‘maldade natural’ do indígena” ¹. Sujeitando esses povos a renunciar sua cultura de forma agressiva, adorando os deuses da igreja católica, vestindo as roupas e comportando-se de maneira “santa”como os europeus.
Outro exemplo parecido de imperialismo cultural ocorreu no século XIX, pois no período o pensamento dominante era aprovado cientificamente, eles “naturalizavam as diferenças” ², dizendo que evolucionalmente os brancos são superiores a qualquer outro tipo de ser humano e sua cultura era mais civilizada do que as outras.O Brasil adotou esse pensamento, quando a república foi instaurada em 15 de Novembro de 1889. As elites não estavam preocupados em transformar os ex-escravos em “cidadãos”, eles acreditavam que os negros eram uma raça “degenerada” e que eram um empecilho para a “ordem e progresso”, assim como sua cultura, e por isso financiavam a imigração de europeus para o Brasil, buscando o “embranquecimento” da nação. Até hoje encontramos pessoas que pensam assim, acham que toda a cultura advinda do no negro é “feia”, suja ou demoníaca.
Agora um exemplo mais atual e presente em nossa sociedade, o imperialismo cultural norte-americano. Se analisarmos, Os Estados Unidos produzem a maior parte dos produtos, que nos consumidores, compramos e dizemos que é bom, ou o melhor, tem ligação parcial ou total com a maior potência econômica do mundo. As roupas de Grife que a maioria dos jovens tanto gostam de ter como a Nike, ou o “melhor” e mais famoso refrigerante como a Coca-Cola, e tantas outras coisas que a sociedade através da publicidade nos apresenta, ou o que dizer de “Hollywood”, a mais moderna produtora de filmes e ótima contribuinte para a dominação cultural.
O imperialismo cultural dos EUA é, assim como os outros citados, uma estratégia de dominação política, para que sua influencia e seus mercados possam crescer constantemente. Só para ter uma idéia de como o imperialismo cresce não só culturalmente, mas economicamente, e qual seu sentido veja o trecho retirado do livro, As veias abertas da América Latina: “Richard Nixon anunciou, em abril de 1969, em seu discurso perante a OEA, que no fim do século XX a renda per capita nos Estados Unidos será quinze vezes mais alta do que esta mesma renda na América Latina. A força do conjunto do sistema imperialista descansa na necessária desigualdade das partes que o formam, e esta desigualdade assume magnitudes cada vez mais dramáticas. Os países opressores tornam-se cada vez mais ricos em termos absolutos, porém muito mais em termos relativos, pelo dinamismo da disparidade crescente.” ³
Nós cristãos devemos estar atentos para esses discursos racistas, excludentes e dominadores, pois cristo nos fez iguais e não melhores do que os outros. Devemos respeitar todos os povos e suas respectivas culturas e mostra-las, através de diálogos mansos e não ofensivos o caminho da salvação.
Quando Jesus repreendeu seus discípulos dizendo: “e ele. Assentando-se chamou os doze discípulos e lhes disse: se alguém quer ser o primeiro, será o últimos e servo de todos.( Marcos 9:35), ele queria acabar com as disputas que haviam entre os discípulos sobre quem seria o melhor, nós também devemos parar de pensar que somos superiores seja por motivo Econômico, racial ou cultural, porque todo somos iguais aos olhos de Deus, “é necessário que ele cresça e que eu diminua”(João 3:30).



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1- GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina, 1976, p. 61
2- SCHWARCZ, Lília Moritz. Espetáculo das Raças, 1993, p. 47
3- GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina, 1976, p. 19

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